terça-feira, 12 de março de 2013


“Sou âncora. Sendo obrigada a suportar todos os ventos e tempestades que me ocorrem desde quando pus os pés em terra firme. Sou âncora. Carrego comigo toda bravura e toda responsabilidade de um instrumento feito especialmente para aguentar tudo, sem reclamar de nada. Sou âncora, e em meio a tantos naufrágios, eu suportei, me suportei, e suportei todas as amarguras que me cercaram e quase me derrubaram. Considero-me âncora, pois, meio a tantas ventanias indesejáveis, e tantos raios amedrontáveis continuei firme, fazendo meu único trabalho, suportar. O barco que estava à deriva ameaçava virar inúmeras vezes, e mesmo com tantos balanços, consegui segurá-lo, fazendo com que tentasse se manter no lugar. O barco em questão é a minha vida. Mas, além de âncora, possuo uma camada florida, não me faço de forte todo o tempo, é quase impossível nos dias atuais. Além de âncora, sou flor. Possuo sentimentos que ninguém imagina, ou melhor, ninguém valoriza. De tanto que me fiz firme, acreditaram que, poderiam falar ou fazer qualquer coisa e eu acataria. Porém, sou flor, e como flor, também sou sensível, dependendo da correnteza, eu desmancho, despetalo. Consigo ser âncora e flor, encarando tudo de ruim da maneira mais simples e encantadora. Assim como eu, o amor deve ter uma mistura desses distintos elementos. Ou seja, meio a tempestade, suportar com delicadeza. Assim, ninguém sairá machucado.”

— Me fiz de âncora, e só enxergarão a minha alma florida, os que cultivarem. Lara Carvalho 

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